Uma das formas de causar esse estresse é fazer trabalhos de velocidade, que, mesmo na preparação para uma prova de resistência, não podem ser negligenciados. Os treinos de velocidade (intervalos, tiros e tempo-run, por exemplo) propiciam qualidade à planilha. Eles ajudam a suportar ritmos mais intensos e, consequentemente, permitem que corredores tenham uma maior tolerância ao lactato, melhorando a sua performance.
Além disso, fornecem dados importantes ao atleta, como VO2 máximo e em qual pace (ritmo) o atleta chega ao seu limiar de lactato (intensidade na qual o corredor não consegue sustentar determinada velocidade por muito tempo). Tudo isso fará com que o treinador direcione as sessões de corrida para tirar do atleta tudo o que ele pode dar e ajudará a montar uma estratégia de prova compatível com os limites e potencialidades do atleta.
Aqueles que só fazem trabalhos de rodagem e resistência correm o risco de estacionar em suas marcas. Não é que você não vá conseguir completar a prova, mas o fará num tempo muito maior. Contudo, é preciso algum cuidado ao fazer treinos rápidos: para evitar lesões, faço no máximo dois por semana. Se na planilha estiver escrito “regenerativo”, “longão em determinado pace”, respeite.
Um outro ponto é importante é não mentir para seu treinador sobre o seu nível de cansaço e sobre o pace no qual correu, pois isso dificultará a elaboração de treinos compatíveis com o seu perfil de atleta. Conforme a prova se aproximar e seu treinador indicar a fase de polimento, diminua os treinos de velocidade e pense na estratégia que irá adotar para concluir os 42 km. Bons treinos!
Márcia Ferreira é professora de educação física pós-graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com especialização em Ciência da Performance e Fisiologia do Exercício pela Universidade Gama Filho. Foi supervisora do treinamento de triathlon nos Jogos Panamericanos 2007 (RJ) e coordenadora técnica da MF Triathlon.
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