O dia da corrida, 29/09, foi um belo e ensolarado domingo. Na largada da onda principal, às 8:45h, que reuniu os 5 grupos de corredores mais rápidos (A, B, C, D, E), a temperatura estava próxima de 8 C e a máxima do dia alcançou 15 C, condições muito boas para se correr e propícias para um bom funcionamento da nossa “máquina”. Porém, quase 40.000 corredores esperando ansiosos pelo início da prova, muitos próximos uns dos outros, criavam um ambiente caloroso, onde eu não percebia sensação de frio.
10 minutos depois sai a segunda onda (grupos F e G) e, após mais 10 min, sai a última onda, onde estávamos eu e todos aqueles corredores cujo tempo previsto para conclusão da prova era acima de 4h 30 min.
Corro os 20 primeiros Km “cravado” no meu ritmo de prova pré-estabelecido, de 6´ 30″/Km.
Temia por afunilamentos e retenções pelo grande número de participantes, mas a largada ocorre numa longa rua de pista dupla e, no final da mesma, pouco depois do Km 1, todos os corredores já estavam correndo enfileirados e nos seus ritmos de prova, muita gente correndo próximo a você e ao seu lado, mas havia espaço suficiente e não se observava retenções.
Os Km se sucediam e eu nem percebia o passar do tempo. Passo o Km 25 e a impressão é que a corrida tinha começado só a pouco minutos atrás.
No Km 27 percebo que meu “pace” aumentou 20″/Km e fico assustado. Já tinha visto esse filme em outras maratonas. Pouco concentrado, perco o foco “mental” e a partir do Km 28 dou uma relaxada geral, acabo cedendo o meu ritmo piora.
Porém, sabia que estava bem treinado e que era muito cedo para o “muro” chegar. A partir do Km 32 me concentro novamente na corrida e passo a rodar em torno de 7′ /Km, “só” 30″/Km mais lento que o ritmo planejado. No Km 35 há um grande painel digital onde aparece uma mensagem de incentivo escrita por minha esposa e filha, que não puderam me acompanhar nesta viagem (minha filha está fazendo o Vestibular). Era o estímulo que faltava !. Consegui manter o ritmo de 7’/Km até o final do Km 37. A partir daí as pernas sentiram e o ritmo caiu fortemente nos últimos 4,5 Km.
Contudo nos 700m finais, na reta que nos leva a cruzar o Portão de Brandenburgo e encerrar a corrida cerca de 200m depois, corri à 6´ 15″/Km.
A organização da prova é perfeita e profissionalmente realizada, desde a feira de retirada do Kit até o grande dia, envolvendo a recepção dos corredores, os serviços de guarda-volumes e a recepção dos atletas após conclusão da prova (massagem, alimentação, cerveja Erdinger sem álcool).
Durante a prova o que se percebia era uma multidão de corredores. Nas calçadas inúmeros alemães e familiares/amigos de corredores incentivando. A cada 500m, em média, algum tipo de música, banda ou cantor para alegrar os atletas e quebrar eventual monotonia da prova ( o que não existe!).
Postos de hidratação a cada 3 Km após o Km 5, com água e isotônico. Disponíveis também alguns pontos com frutas e distribuição de géis de carboidratos, na segunda metada da prova.
Apenas um cuidado: a prova não é retilílena. Tirando o extenso trecho inicial da largada, creio que não há outro trecho em linha reta superior a 1,5 Km. O que se vê depois são vários pequenos trechos retos, inferiores a 1 Km, e com vários pequenos contornos ou poucas curvas de 90 graus. Mas qual o cuidado ? Correr pelas tangentes ou sempre próximo ao centro das ruas, onde há uma linha azul pintada e que foi utilizada para aferição da distancia. Nas ruas largas se fizer as curvas pela parte mais externa o corredor vai correr uma distância maior. Meu colega disse que o GPS dele marcou 700m além dos 42,195 Km.
Em suma, uma excelente Maratona. Creio que por ser totalmente plana, ocorrer num período com temperatura em torno de 12 C, por ter sempre alguém correndo ao seu lado no seu ritmo e pelo incentivo permanente dos observadores, pude constatar o porquê de se tratar de uma prova muito rápida. Estes são os motivos. Não foi a toa que nono recorde mundial foi estabelecido.
14a. Maratona concluída com extremo prazer, a minha primeira Major, numa bela e agradável cidade, cheia de atrações para serem descobertas pós-prova (currywurst, weissbier, chucrute com batata, museus, teatros, etc). Uma positiva experiência e mais um dos eventos comemorativos no ano do meu cinquentenário.
Aproveito novamente para agradecer a minha técnica Márcia Ferreira pela minha preparação, a toda Equipe MF, e aos amigos e colegas que me incentivaram e apoiaram neste projeto.
Em especial um beijo grande nas minhas amadas Helineia e Yasmini,
João Nunes