Numa base militar destinada a formar homens capazes de defender os lugares mais inóspitos da pátria, centenas de triatletas desafiarão os perigos da Floresta Amazônica brasileira no XTerra
Por Victor Costa
Enquanto chefes de Estado de mais de cem nações diferentes se encontram na Rio+20 para discutir um futuro sustentável para o planeta, trezentos triatletas de diferentes nacionalidades se reúnem em Manaus para colocar em prática a interação entre o homem e a natureza. Eles estão na disputa do XTerra Amazônia, que acontece em plena mata selvagem, dentro de uma base militar destinada a formar homens capazes de defender a pátria nos lugares mais inóspitos da região da Floresta Amazônica brasileira.
A largada acontecerá amanhã, às 8h. O percurso é traçado dentro do temido “Quadrado Maldito”, uma área de treinamento do exército no Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs). A primeira parte é dentro da água. Os triatletas nadam 1,5km no Igarapé Mainã, no Lago do Puraquequara, um afluente do Rio Negro. A organização avisa que é proibido urinar devido ao candiru, um peixe que é atraído pelo fluxo da urina e penetra na uretra, podendo custar a perda do órgão genital. Nem mesmo as grossas roupas de borracha são impedimento para o minúsculo peixe.
Em seguida, os triatletas trocam de roupa e calçam a sapatilha para enfrentar 30km de mountain bike. É preciso ter coragem para avançar pelas estradas de terra e por trilhas de mata bem fechada. Por último, neste mesmo cenário, os competidores completam 9km de corrida.
O grande atrativo da prova, sem dúvidas, é a interação do homem com a natureza num lugar inóspito. É isso que atrai triatletas de diferentes partes para a Amazônia. Pelo menos, é o que garante o consultor de negócios Fábio Dias, de 34 anos, que irá disputar a prova pela primeira vez, apesar de já ter rodado o mundo atrás de desafios tão exóticos quanto este.
— Sempre gostei de competir no mato, no meio da natureza. É totalmente diferente de provas urbanas. Não tem como explicar — revela Fábio. — Atrás de experiências como esta, já competi no Havaí, no Chile e até na Nova Zelândia.
Morador do Flamengo, o consultor de negócios está se especializando em provas cross country como a do XTerra e diz que o Rio de Janeiro é um cidade perfeita na preparação para este tipo de competição. Um dos seus treinos favoritos é percorrer as trilhas do Parque da Tijuca, que oferecem um nível de dificuldade bem parecido com o que ele encontrará em Manaus.
— O Rio e suas redondezas são incríveis. Temos muitas opções de treinamento cross country. É muita montanha, mata… Estou sempre buscando lugares novos para conhecer e isso é o que não falta. Não é à toa que os cariocas se destacam nesta modalidade. Quase todo sábado vou para Itaipava com um grupo de amigos fazer mountain bike e correr em trilhas.
40 vagas na final havaiana
Fábio é duro na queda. Em 2010, completou o Ironman Brasil. Na Amazônia, única etapa do XTerra que conta pontos para o circuito mundial, ele pretende completar a prova abaixo de três horas para tentar uma das 40 vagas, espalhadas por categorias, que carimbam o passaporte para disputar a final Mundial de Triatlo Cross Country, que acontecerá no dia 28 de outubro, em Maui, no Havaí.
No entanto, não é só de triatlo que vive o XTerra Amazônia. Ainda amanhã, com largada prevista para 21h15m, acontecerão duas corridas noturnas (5km e 10km) que vão passar por diferentes pisos: parte em asfalto, ruas de terra, calçadão e trilha. No dia seguinte, a festa continua com crianças até 12 anos na disputa de uma corrida mirim.
Enquanto autoridades mundiais têm até hoje, último dia da Rio+20, para pensarem em limites que evitem a degradação do planeta pelo homem, os atletas do XTerra têm até amanhã para testarem seus limites dentro da natureza. Acompanhe os melhore momentos dessa etapa em oglobo.com.br/blogs/pulso.
A próxima etapa do circuito nacional do XTerra será em Santa Barbara, em Minas Gerias, nos dias 30 de junho e 1 de julho.
Fonte: Blog Pulso
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