Por Maurício Cintra – Triathleta e Ironman da Equipe Márcia Ferreira
Pessoal, escrevo como um IRONMAN!
Estou muito feliz! Terminar uma prova desse tamanho foi uma grande conquista pessoal. Nada, em nenhum momento, foi fácil. Desde a minha preparação inicial, que começou a cerca de dez meses atrás, até a prova em si, passando pelos duros treinos, pela falta de grana e até mesmo de estrutura, passando também pelas noites pouco dormidas pq tinha que pedalar de madrugada, pelos treinos nas águas geladas da praia de Copacabana, enfim…tudo sempre mega difícil.
Terminei a prova com 12h19m no meu relógio, mas é possível que tenha alguma correção. Ainda não vi o tempo oficial, rss
Nadei para 1h29m, queria fazer abaixo de 1h30. Consegui!
Esperava fazer o pedal com cerca de 6h30m, fechei com 6h06m. Pedalei como nunca. Mesmo com as dores na lombar. Encontrei com a minha parceiraça de treinos num certo momento, falo de Juliana Netto. Ju, rezei e pedi por todos sempre, mas em especial por você. Quero deixar bem claro que essa menina tem um lugar no meu coração que é só dela. Pessoa do bem, correta, batalhadora, que vive a vida da maneira mais intensa e tem uma família linda que eu adoro. Obrigado por tudo!
Minha corrida que é o meu forte não saiu. Por alguns momentos achei que pudesse fazer sub12, mas chega uma hora que as pernas não obedecem mais. Você até quer ir, mas seu corpo não responde mais. Fiz um trato comigo mesmo: “cara é o seguinte, você não vai fazer sub12, mas também não vai parar de correr.” Nunca desisti de nenhuma corrida. E não ia ser na prova da minha vida, até aqui, que eu ia deixar isso acontecer. Nem nas ladeiras de Canasvieiras eu parei. Tá certo que ali eu subi super lento, MAS EU NÃO PAREI!!! Quando eu pegava os copos de gatorade e pepsi, eu dava uns dois goles gigantes numa passada mais longa porém lenta, porque correr bebendo no copo você fica com a cara toda melada de isotônico e refrigerante. Aliás, por falar nessas ladeiras, descobri a quarta modalidade do Ironman de Floripa: o alpinismo! Numa boa? Eu quase subi de 4 de tão íngreme que era. Quando terminei a escalada, virei para o lado e falei para o outro atleta “chegamos no topo do Everest!”. Pensei “na volta é só eu me tacar daqui de cima que chego lá embaixo rapidinho” hahaha
Fechei a corrida com cerca de 4h15m, eu acho e nos últimos 10 km eu já não queria correr. Estava exausto, as pernas doloridas, o joelho direito batendo no “tatame”, dores no peito, nos braços, enjôo, até a lombar que nunca doeu nas corridas resolveu acompanhar a rebelião do meu corpo. Enfim…eu estava um trapo, estava absorto, mas eu não podia parar. Lembrava de todos que assinaram a minha camisa, das pessoas que deviam estar me acompanhando na internet com o número 313. Simplesmente não podia decepcionar os meus amigos, nem minha treinadora e nem a minha família… Eu não tinha esse direito… O dia 27 de maio de 2012 foi o dia que eu fiz valer a pena todo sacrifício já relatado. Eu respirei e fui e eu fui com tudo. Naquele momento estava no piloto automático, só seguia o percurso sem pensar em mais nada. Muita gente passou por mim gritando o meu nome e dando tapas na minha mão. Pessoal, numa boa… por favor me desculpem mas não lembro quem eu cumprimentei. Lembro que falei com Araújo, Bernardo e Marcão, mas foi puro reflexo.
Quando peguei a segunda pulseira, a amarela, indicando que iria fechar a prova, encontrei com a Márcia, minha treinadora. Ela segurou na minha mão, corremos juntos alguns metros e foi o tempo que tive de olhar pra ela e falar: “Obrigado por me ajudar a realizar esse sonho. Eu te amo!”
Como resposta tive um “Eu também te amo, Maurício”. Foi o momento da prova muito emocionante pra mim, muito especial mesmo. Quando entrei naquele corredor de pessoas que se aglomeravam perto da chegada que mal dava pra correr, fazendo festa, gritando, te incentivando… é uma emoção muito grande!!! Quando eu vi o pórtico, corri rodando os braços feito movimento de natação, depois puxei o grito da galera de ambos os lados fazendo movimentos com as mãos de baixo pra cima, ali eu já estava berrando com os punhos cerrados, era festa no céu! Cruzei a linha de chegada, parei repentinamente, dei um pulo e um soco no ar voltei ao chão com os punhos cerrados e um berro ecoando em Jurerê “Eu sou um Ironman!”.
Experiência ímpar que levarei para o resto da minha vida.
Obrigado a todas as pessoas de bom coração que me apoiaram, torceram por mim, acreditaram no meu sonho e se fizeram presentes nesses quase doze meses. AMO VOCÊS!!!!!
Bjos & Abços do mais novo IRONMAN
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